segunda-feira, 18 de abril de 2011

Comento CRONICA de Fernado Dacosta - 82 TempoLivre | OUT 2008. JA NAO HA HOMENS ASSIM!

CRONICA de Fernado Dacosta - 82 TempoLivre | OUT 2008.

Diz-se por aqui que esta noticia não devidamente divulgada e comentada. Pois bem é entendível, num pais onde primam os corruptos, Boys, afilhados, sobrinhas, compadrios, e outros afins, não se pode divulgar nem mostrar que afinal existem actos de extrema nobreza, civismo, sentido de estado, integridade, e acima de tudo de um HOMEM com letra grande coisa que não há muito neste triste país.
Fernado Dacosta, escreveu uma crónica a respeito de um Grande General Ramalho Eanes, e isto sei não pelo que se diz ou cria, mas sim do meu tempo de militar de serviço obrigatório, nos meus 16 meses, e o qual faz muita falta a este Pais, fazia Homens, transformava o cheirinho a leite materno em Homens a cheirar a suor, fazia das fraldas numa farda que se envergava com orgulho e prazer.
Concordo que 16 meses eram desmaiado, talvez uns 6 meses, a 10 meses fossem os suficiente, na verdade pela minha experiencia, o tempo de recruta, sim foi o mais saboroso e que me trás as saudades, o restante tempo era um vegetar por secretarias e repartições sem nenhuma utilidade publica.
Mas nessas deambulações, onde se relacionavam desde soldados rasos, sargentos e classe oficial, era frequente as velhas histórias de guerra e experiencias de todos aqueles que serviram a nossa Bandeira e Hino Nacional. Quando se perguntava quem e como era o General Eanes, era referenciado com um homem justo, corajoso, destemido, correcto, respeitador, etc e isto levou-me a respeita-lo não só pela política mas sim por um todo.
Se foi bom ou mau P.R., não comento nem é esse o meu propósito agora, para alem de que na altura as minhas prioridades eram outras disco, cinema, praia, boa vida, entre outras.
No entanto, esta crónica, veio comprovar a boa imagem e respeito que nutri por este Grande Senhor e ex-militar que sejam as causa correctas ou não sobe Honrar e fazer Honrar o nome de PORTUGAL, alem fronteiras e nos Inimigos de então.
Uns têm direito pelo seu trabalho de uma vida a muito dinheiro e por respeito ao pais recusam-no, outros são acusados de actos impróprios e duvidosos, que ate hoje não esta definitivamente esclarecido, cobram ao estado milhares de euros pelo tempo que esteve preso por dúvidas nos seus comportamentos. Estes são as diferenças dos princípios que defendo e quero para o meu País, homens com letra GRANDE.
Parabéns Ramalho Eanes, Obrigado Fernando Dacosta.

J.A.M. 18-04-2011





FERNANDO DACOSTA (copiado por nao conseguir colocar PDF)
Seres decentes
Quando cumpria o seu segundo
mandato, Ramalho Eanes viu serlhe
apresentada pelo Governo uma
lei especialmente congeminada
contra si.

Otexto impedia que o vencimento do
Chefe do Estado fosse «acumulado
com quaisquer pensões de reforma
ou de sobrevivência» públicas que
viesse a receber.
Sem hesitar, o visado promulgou-o, impedindo-
se de auferir a aposentação de militar para a
qual descontara durante toda a carreira.
O desconforto de tamanha injustiça levou-o,
mais tarde, a entregar o caso aos tribunais que, há
pouco, se pronunciaram a seu favor.
Como consequência, foram-lhe disponibilizadas
as importâncias não pagas durante catorze
anos, com retroactivos, num total de um milhão
e trezentos mil euros.
Sem de novo hesitar, o beneficiado decidiu,
porém, prescindir do benefício, que o não era
pois tratava-se do cumprimento de direitos escamoteados
- e não aceitou o dinheiro.
Num país dobrado à pedincha, ao suborno, à
corrupção, ao embuste, à traficância, à ganância,
Ramalho Eanes ergueu-se e, altivo, desferiu uma
esplendorosa bofetada de luva branca no videirismo,
no arranjismo que o imergem, nos imergem
por todos os lados.
As pessoas de bem logo o olharam empolgadas:
o seu gesto era-lhes uma luz de conforto, de
ânimo em altura de extrema pungência cívica, de
dolorosíssimo abandono social.
Antes dele só Natália Correia havia tido comportamento
afim, quando se negou a subscrever
um pedido de pensão por mérito intelectual que
a secretaria da Cultura (sob a responsabilidade de
Pedro Santana Lopes) acordara, ante a difícil situ -
ação económica da escritora, atribuir-lhe. «Não,
não peço. Se o Estado português entender que a
mereço», justificar-se-ia, «agradeço-a e aceito-a.
Mas pedi-la, não. Nunca!»
O silêncio caído sobre o gesto de Eanes (deveria,
pelo seu simbolismo, ter aberto telejornais e
primeiras páginas de periódicos) explica-se pela
nossa recalcada má consciência que não suporta,
de tão hipócrita, o espelho de semelhantes comportamentos.
“A política tem de ser feita respeitando uma
moral, a moral da responsabilidade e, se possível,
a moral da convicção”, dirá. Torna-se indispensável
“preservar alguns dos valores de outrora, das
utopias de outrora”.
Quem o conhece não se surpreende com a sua
decisão, pois as questões da honra, da integridade,
foram-lhe sempre inamovíveis. Por elas, solitário
e inteiro, se empenha, se joga, se acrescenta
- acrescentando os outros.
“Senti a marginalização e tentei viver”, confidenciará,
“fora dela. Reagi como tímido, liderando”.
O acto do antigo Presidente («cujo carácter e
probidade sobrelevam a calamidade moral que
por aí se tornou comum», como escreveu numa
das suas notáveis crónicas Baptista-Bastos)
ganha repercussões salvíficas da nossa corrompida,
pervertida ética.
Com a sua atitude, Eanes (que recusara já o
bastão de Marechal) preservou um nível de di -
gnidade decisivo para continuarmos a respeitar-
-nos, a acreditar-nos - condição imprescindível
ao futuro dos que persistem em ser decentes.
TempoLivre | OUT 2008

1 comentário:

  1. Sempre tive o General Ramalho Eanes como um Homem honesto e humilde. Não fazia a mínima ideia de que havia recusado esta verba. Destes, não reza a história...

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