quarta-feira, 21 de julho de 2010

O sentir do que nao sabemos definir

Recebi uma informação aqui na minha insignificante página, de um recente texto onde relata uma viagem que matou o tédio de uma folga indesejada.
Meio admirado com o desenquadrar de uma folga de FDS, onde revela uma pessoa sozinha mas bem acompanhada pelo seu gato, onde a família tem um quê de estranho. Onde a tristeza deveria de ser trocada por um outro sentimento.
Na decisão de fazer algo, mesmo sem saber o quê, lá foi ela ate as origens percorreu estradas, caminhos e ruelas, no fundo sentindo o apelo da tradição e o sentimento da envolvência e adora a “tal” Família.
Dei por mim a percorrer essa estrada, sentir esses sentidos, passear nessas ruas, cheirar esses cheiros, pisar essas pedras, saborear esses doces. Deu-me a saudade do meu montinho.
No entanto é na verdade um percurso vão vago e de ora aqui ora acolá de vestígios de gente, mas mesmo assim, isso irrita-me teria preferido percorrer essa estada e caminhos com um perder de vistas sem vestígios nenhuns de gentes que muitas delas já não trazem tradição rural. Não têm a genuinidade das terras. A imensidão da via longaaaaa, onde o preto mancha o odre, o castanho, o azul, o verde, os campos, as pedras, guia-nos num percurso seco, e abafado. Se nos reduziu as distâncias por um lado, também retalhou aquelas terras sagradas.
Mas sempre que a percorro, também eu me perco, prefiro faze-lo em silencio, desejando encontrar o que lá esta, sentir o que lá esta, caminhar pelo que tantos outros caminharam.
Saio sempre muito antes do meu destino mais perto, prefiro percorrer as entranhas dessa terra, passar pela terra da cortiça, pelas barragens, aldeias e lugarejos, e chegar ao modesto montinho já meio atestado de satisfação da saudade deixada desde a última vez.
Na aldeia da serra, nunca se vê muita gente, mas sabe-se das suas existências, nas entradas vê-se os vestígios de vivencias, e do cuidado que se põe no tratamento que se tem das suas coisas e moradas.
A custo tento entender o cultivo rápido e exagerado das vinhas (nova moda), vinho do Alentejo é que esta a dar.
então? Retira-se as oliveiras centenárias, incentivasse a cultura das vinhas, e pronto começamos a confundir o norte com o sul, (lá vão as olivas pró douro não tarda). Aquela paisagem das cúpulas das oliveiras, começa a encontrar clareiras de vinhas, entristece mas eu sou adepto do alentejano leve e encorpado, apaladado, tento justificar mas custa a aceitar.
Os afazeres locais embora cansativos e torturantes, sabem bem, são um bom remédio as insónias, que mesmo sem justificação elas aparecem. Precisamos de saborear a noite e a sua calmaria, sentir o fresco, ouvir o silêncio. Fico muitas vezes na companhia da noite e do breu, deliciando-me com a luminosidade da noite contemplando o negrume dos céus coberto pelo tapete daquelas luzinhas mínimas.
Muitas vezes vou-me deitar não por vontade mas porque é preciso o dia seguinte precisa de ser recuperado pelos dias que devia e não foi feito nada. Fico sempre exausto, derreado, martirizado, mas revigorante, sem dores, vitalizado.
Na hora do regresso, fica sempre a promessa de que rapidamente regresso, mas a vida nem sempre ajuda, e o que deveria ser uma semana acaba por se tornar em mais tempo com muita pena minha.
Volto regresso, o carro percorre a estrada quase sempre no fim do dia para se aproveitar ao máximo a estada. Vai-se instalando a saudade, o silêncio trás promessas de um regresso rápido e do aproveitar o espaço mais e melhor. Pergunto-me o porque de tanto tempo de ausência, culpabilizo-me e prometo-me a regressar mais vezes e não deixar este sentimento alojar-se assim em mim.
JAM 30/09/2009

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião e o nosso pensar, é a única e ultima coisas que nunca nos vencem ou roubam.
Leia uma voz incomodada, Comente se achar pertinente.